Desde 24 de abril é obrigatória em nossa cidade a utilização de máscaras faciais de uso não profissional. O Decreto Municipal 8.059 emitido no dia 23 de abril, em alteração ao 8.056, vige: “...sempre que precisar sair de casa..., deverá utilizar máscaras faciais de uso não profissional....”
Eu sou contra! Acho que estão faltando critérios bem definidos e claros e, justamente por isso, adota-se (impõe) um considerando a pior situação. Além do que, a ausência de critérios, que deveriam vir da maior instância do Poder Executivo, apenas corrobora que estamos sendo governados por pessoas preocupadas com reeleição, inquéritos policiais, processos, prisão de filhos, etc. Preocupados com tudo, menos com todos.
Em minha área de atuação seria uma condição, independentemente da estrutura, de não aplicar carga superior a “X” kgf/m². Como assim? Há estruturas que não resistem à aplicação de “X”, porém há estruturas que resistem 10 vezes “X”. Por que tratar como se todas fossem iguais?
O exemplo acima é simplista. Não digo simples, mas simplista, que tem significado diferente. Enquanto pode-se ter soluções simples para problemas complexos, o simplismo é um vício de raciocínio que despreza elementos necessários da solução. Então, o exemplo é simplista porque organismos vivos não são como estruturas. O dinamismo e as variáveis envolvidas neste caso são quase que infinitas, ou melhor, “tende para infinito”.
Em 1998 entrou em vigor o novo Código de Trânsito Brasileiro. Uma das grandes alterações que provocou muitas discussões, principalmente em bares durante o consumo de bebidas alcoólicas, foi que versava sobre a obrigatoriedade de utilização de cinto de segurança independente do percurso, ou seja, “dentro da cidade”. Muitos foram contra! O principal argumento foi o de que se algum acidente ocorresse e a pessoa não estivesse utilizando cinto, o prejudicado seria apenas ela. O que não é verdade.
Quando uma pessoa se acidenta e a falta de utilização de cinto de segurança é fundamental para a gravidade da consequência, o maior prejudicado é a pessoa, mas não o único. Toda a sociedade terá que arcar com os custos dessa irresponsabilidade.
Já a falta de utilização da máscara é ainda pior, porque o principal objetivo de sua utilização é que você não faça com que o próximo seja o maior prejudicado. Você deve utilizá-la para, principalmente, cooperar e contribuir com todas as pessoas com quem você tem contato direto ou indireto.
Então, explico: sou contra, mas vou utilizar enquanto o decreto estiver em vigor. Concordar ou não é um direito de todos, exatamente da mesma forma que acatar é um dever de todos. Ao menos enquanto ainda vivermos em um estado democrático de direito.
Eu sou contra a utilização obrigatória de máscaras
Jornal Correio Livre
