Nova Prata, 28 de Março de 2023

- em Educação e Cultura

Alunos vendem produtos através de cooperativas

Nova Prata
Gabriel Dal Magro Caron, Leandro Frosi, João Vitor Grosselle  Carminatti, Paula Lorini e Franciele Dias Embaraque
Gabriel Dal Magro Caron, Leandro Frosi, João Vitor Grosselle Carminatti, Paula Lorini e Franciele Dias Embaraque /

A redação do Jornal Correio Livre conversou com Leandro Frosi, presidente da COOASP, e Franciele Dias Embaraque, professora e orientadora da COOASP (Cooperativa que Acredita no Sucesso da Produção), que teve início em 2016, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Aleixo, que fica na comunidade São Sebastião, em Ibiraiaras. Atualmente participam da Cooperativa 27 alunos, do 6º ao 9º ano. Essa é a primeira cooperativa escolar do município.
As cooperativas escolares são associações de estudantes com finalidade educativa, podendo desenvolver atividades econômicas, sociais e culturais em benefício dos associados. Buscam formular uma proposta pedagógica com a participação do corpo discente em atividades práticas.
O principal objetivo é oportunizar aos jovens uma formação que contribua com o desenvolvimento de futuros líderes, gestores, empreendedores e cidadãos com senso de responsabilidade e participação através da vivência de um modelo cooperativo sustentável. Além disso, melhora o rendimento escolar. Constituem uma proposta de transformação social e econômica na vida das pessoas que transcende as propostas pedagógicas tradicionais. Está inspirado, em parte, no pedagogo francês Célestin Freinet, nas experiências da cidade argentina de Sunchales e nos projetos do programa A União Faz a Vida, das Cooperativas do Sistema Sicredi. As cooperativas escolares promovem com esse programa a formação de mobilizadores sociais, a educação financeira e o empreendedorismo como tríade desta proposta pedagógica.
O caráter formativo dos cursos e do projeto tem por finalidade a promoção da convivência, o respeito mútuo, a solidariedade, a promoção da justiça social, a igualdade, a autonomia, a cooperação e a realização de objetivos comuns. Nelas, o caráter educativo, o espírito cooperativo e o movimento entre o saber e o fazer são inerentes e constantes. É proporcionada nesta gestão, a vivência dos sete princípios do cooperativismo: 1º, adesão voluntária e Livre; 2º, gestão democrática pelos membros; 3º, participação econômica dos membros; 4º, autonomia e independência; 5º, educação, formação e informação; 6º, intercooperação e 7º interesse pela comunidade.
No contexto atual onde se posicionam políticas econômicas que nem sempre promovem a inclusão social, o cooperativismo vem conquistando espaços por ser social e economicamente mais justo e equilibrado.
Início da cooperativa
Em Ibiraiaras começou quando Franciele e sua colega Anakel Ramos, foram conhecer o modelo de cooperativas escolares em Nova Petrópolis, considerada a capital do cooperativismo. Após, começaram a colocar em prática esse modelo na escola, porém antes de aplicar essa metodologia, o projeto foi apresentado aos alunos, que mostraram interesse em implantar esse projeto. Foi preciso ter no mínimo 20 sócios, mas na abertura esse número de participantes foi superior.
“A cooperativa não visa lucro, mas aprendizagem, entramos nesse projeto para ter conhecimento intelectual. Quando desenvolvemos um produto, é feita toda uma pesquisa sobre o mesmo para ter mais informações, além disso, aprendemos a conviver, trabalhar em grupo”, ressalta Leandro.
Os produtos fabricados são comercializados principalmente para a comunidade e arredores do município, no qual a população abraçou essa ideia. Como a escola é do campo, atualmente composta por 58 estudantes, onde todos são do interior, a secretaria estadual queria fechar um turno da mesma, mas com o empenho dos alunos, professores e sociedade, foi possível manter os dois graças a esse projeto.
“O mesmo já foi apresentado em Porto Alegre, Esteio, Teutônia, Nova Petrópolis, entre outras e agora também em Nova Prata. Buscamos sempre contar um pouco da nossa história, pois muitas vezes existem escolas que tem vontade em fundar uma cooperativa, mas não tem ideia. Aproveitamos para mostrar como é possível a cooperativa mudar a vida de um aluno, até mesmo ele demora acreditar nele mesmo, e com o passar do tempo você consegue ver os resultados”, ressalta a professora Franciele.
Atualmente, a COOASP produz massa de pinhão e sacolas ecológicas de jornais velhos. Todos os produtos são preparados visando o respeito com a natureza e sustentabilidade. Grande parte do pinhão é doado pelos pais e pela comunidade, e como o pinhão é colhido uma vez ao ano, os alunos estocam em refrigerador (validade de um ano) para atender a demanda anual.
Todo ano é realizada uma reunião onde é discutido entre os cooperativados, se será mantida a produção do mesmo produto ou um novo. Primeiro produto desenvolvido pelo grupo foram velas aromáticas, agora a massa de pinhão e sacolas ecológicas de jornais velhos.
O dinheiro da venda é distribuído em três fundos: Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (Fates), Funde Rotativo (FR), geralmente utilizado para compra da matéria prima, Fundo Reserva, se acaso a empresa falir, é uma forma para pagar as contas.
No final do ano é decidido entre todos os cooperativados se o dinheiro do Fates será investido em alguma viagem de estudo ou comprar algo.
O grupo é grato por toda a parceria, suporte e apoio do Sicredi, em especial à assessora Maria Salete Marofisk por estar sempre disponível para auxiliar através do Programa A União Faz a Vida, pois o Sicredi está sempre disponível para ajudar e o COOASP sempre pronto para retribuir.
“Não precisamos fazer grandes ações para mostrar mudanças, com pequenas atitudes do dia a dia conseguimos transformar e fazer a diferença no mundo”, finaliza Franciele.

Galeria de Imagens
A COOASP produz massa de pinhão e sacolas ecológicas de jornais velhos.
A COOASP produz massa de pinhão e sacolas ecológicas de jornais velhos.