Sonia Reginato é empresária e presta assessoria de comunicação e conteúdo para empresas. Além disso, colabora com a Conecta +, onde faz assessoria de imprensa para prefeituras e apresenta o programa Entre Vistas.
Sonia é uma peça importante na história deste jornal. À frente do Correio Livre, ajudou a redefinir a linha editorial para dar destaque a temas de cultura e comportamento e atuou na promoção de shows e eventos. Foi a responsável por trazer para Nova Prata nomes como Zé Ramalho, Nando Reis e Paralamas do Sucesso.
Acima de tudo, Sonia continua contando a história de pessoas – em suas redes sociais ou para outros veículos de comunicação. Na sua trajetória pessoal, a comunicação se sustenta em três pilares: ajudar as pessoas, a produção cultural e construir credibilidade.
Qual a sua trajetória no jornalismo?
- Comecei em 1995, no jornal de Bassano, que era um encarte do Correio Livre na época. Fiquei pouco mais de um ano e depois fui convidada para trabalhar na área comercial do Correio Livre.
Em 1997, o Solon Saldanha, que foi o fundador do jornal, me ofereceu para assumir a editora. Então foi mudado o nome de Textual Editora Ltda. para De Fato Editora Ltda. Logo em seguida, eu e o Nelson Salvador, que na época era meu marido, compramos a marca Correio Livre. Então nós viemos para cá [sede atual], há 19 anos. A minha trajetória na comunicação impressa no Correio Livre (incluindo o jornal de Bassano) foi pouco mais de 24 anos.
Quando eu e o Salvador assumimos, embora ele nunca tenha atuado diretamente no jornal, compramos a marca, não a empresa. Nós adquirimos o direito de editar o Correio Livre. Depois, em 2018, vendi a empresa para a Andréia Claudia Martins de Barros, que foi para mim muito orgulho, porque ela trabalhou comigo por 21 anos, então é como se eu tivesse passando um filho para alguém que sei que vai cuidar bem.
Como avalia as transformações sofridas pelo jornal ao longo dos anos?
- Vou ser bem franca lhe dizendo que houveram tempos melhores. Tanto na comunicação impressa quanto, ou talvez principalmente, na liberdade de imprensa. Vejo que hoje, nós todos que atuamos em comunicação, vivemos uma pseudoliberdade. Os jornalistas e os veículos de comunicação, em geral, são muito policiados, mas avaliados de uma forma que considero equivocada. Porque sempre vi o veículo de comunicação, seja jornal, rádio, site, fanpage, afinal, todos, como agentes de informação e não formadores de opinião.
Se quero hoje ou se quis, enquanto atuava no Correio Livre, escrever um texto opinativo, o fazia assinando o texto. E por outro lado nunca vi, nessas duas décadas e meia, tanta necessidade de informação qualificada como agora.
Talvez pela pseudodemocratização da informação, ela nunca esteve tão deturpada — não estou falando pelos profissionais —, porque cada leitor ou ouvinte avalia a informação conforme os seus próprios interesses. Então considero isso perigoso para a sociedade como um todo e é nisso que a imprensa qualificada precisa se manter firme e forte.
Nós evoluímos muito tecnologicamente, o que facilitou de forma demasiada o nosso trabalho, principalmente na questão impressa. Quando comecei, éramos dez pessoas para fazer um jornal de 12 páginas. Anos depois éramos cinco colaboradores para fazermos um jornal de 32 páginas. A tecnologia ajudou muito e, como tudo na vida, existe o lado bom e o não tão bom. Essa mesma tecnologia trouxe acesso a opiniões e a expressões que nem sempre são verdadeiras, que são as famigeradas notícias falsas. Tenho orgulho de dizer que trabalhei durante mais de duas décadas no Correio Livre e alguns integrantes da equipe são os mesmos de quando eu estava. Então são pessoas que têm credibilidade. E se me perguntar hoje qual é o maior trunfo de um veículo ou profissional da comunicação, sempre vou responder que é a credibilidade. Isso é imprescindível.
O que a motiva a ser uma comunicadora?
- A comunicação. Sempre fui muito curiosa e acho que isso é imprescindível para quem atua nesta área. Mas o que de melhor a comunicação me proporcionou e ainda o faz é a possibilidade de ajudar as pessoas. Porque às vezes é contando a história de alguém que você motiva ações de solidariedade para com essa pessoa ou instituição. É exatamente nessa questão que os veículos de comunicação podem fazer a diferença na vida das pessoas.
Como você projeta o futuro do jornalismo?
- Espero que as pessoas valorizem mais os veículos de comunicação regionais, porque são eles que realmente mostram e conhecem o local onde estão e a sociedade na qual estão inseridos. Acredito que é imprescindível que haja essa valorização.
Acho que vai chegar um momento — espero que seja logo — em que irá separar-se o joio do trigo. Então creio que a sociedade vai saber diferenciar quem realmente pratica a comunicação séria e quem não o faz. Porque a fonte atualmente é tão importante quanto a própria informação — e não que só agora ela seja importante, sempre foi. Espero, realmente, que a mídia impressa nunca termine. Isso é um desejo de coração.
E a comunicação vai crescer muito. A fonte é importantíssima. É ela que dá credibilidade à informação. Então vejo que a comunicação vai evoluir. Talvez para um público mais seletivo, mas com certeza vai progredir.
Algo a acrescentar sobre a sua trajetória?
Quero agradecer. Sempre procurei fazer isso no aniversário do Correio Livre. Agradecer às equipes que me acompanharam — e amém que não houve muita circulação, pois a gente criou um grupo que por anos ficou junto. Aprendi demais com cada uma dessas pessoas e creio que o aprendizado constante também é essencial na comunicação. Agradecer sempre às parcerias também. Acredito que nada se faz sozinho, em qualquer ramo, mas na comunicação as parcerias são essenciais, principalmente quando há respeito. Gratidão às equipes que me acompanharam nesses anos e às muitas pessoas que apoiaram.
Convivo ainda com várias colaboradores que trabalharam comigo e isso é algo muito gratificante. Embora tenham ido para outras áreas, foram momentos bons que ficaram dos meus tempos de jornal e valorizo muito isso.