Nova Prata - João Carlos Paludo é conhecido por muitos no mercado global como o ex-Ceo da Vipal, mas hoje é o presidente do Grupo ADR. Também é responsável pelo rápido crescimento da marca Silvercap.
Qual a sua trajetória?
- Nunca saí do negócio de reforma e borracha, apenas mudei a forma de atuar nesse mercado. Nasci em família de empresários. A fábrica de borracha foi construída ao lado da nossa casa. Desde que nasci, há 53 anos, estou neste ramo. Vi a empresa fundada por meu pai, Vicencio Paludo, e minha mãe, Ângela Pellegrini Paludo, crescer inicialmente no Brasil e depois na América do Sul. A empresa através da qual meu pai e minha mãe, na época, nacionalizaram o processo de vulcanização a frio na América Latina. O mais importante que vejo nesse mercado é ter os valores que eles me ensinaram. Estar nele é provavelmente prestar uma homenagem aos meus pais para manter os seus valores. Na maior parte do tempo, quando estava trabalhando no Brasil, dividia o escritório e a mesma mesa com o meu pai. Então foram muitos aprendizados, diversos exemplos de sabedoria e essa é a melhor herança que tenho para dar.
Fale um pouco sobre o Grupo ADR, as bandas Silvercap e a distribuidora Road Parts.
- Nova Prata é a minha cidade natal e hoje também é a sede da Road Parts. O Grupo ADR é uma holding, que tem muitas outras empresas sob seu guarda-chuva. Temos foco em energia, por exemplo, uma pequena central hidrelétrica. Temos a Pellegrini, comércio e distribuição de mercadorias. É uma trading. Temos a NTJ Investimentos Brasil, empresa responsável pelo registro da marca Silvercap em mais de 60 países. Além da DueVite, a nova marca de pneus. Falando também da empresa mais importante do grupo, que é a Road Parts, temos a matriz em Nova Prata. Os centros de distribuição ficam em São Leopoldo, onde existe uma operação off-take, outro em Santa Catarina, onde importamos milhares de pneus novos para o Brasil, exportamos borracha, importamos equipamentos da Ásia e importamos insumos para a indústria da borracha no Brasil e a terceira filial está localizada em Pernambuco, no nordeste do Brasil. São 16 estados naquela região onde é muito importante ter um armazém. E também estamos planejando abrir um em São Paulo, o mercado mais importante do Brasil. Também posso complementar com a estrutura que estava falando internacionalmente. Temos a fábrica no Uruguai, a sede está em Montevidéu e a fábrica em Libertad, uma cidade do departamento de San José.
Qual a gama de produtos que está produzindo atualmente e quais são os seus planos em relação à extensão da sua capacidade de produção?
- O primeiro off-take que fizemos no passado foi na China e ainda está operando. Temos todos os fornecedores lá e a tecnologia que transferimos para o nosso principal fornecedor local. Há uma operação off-take na Malásia também e no Brasil. Nossa fábrica no Uruguai está dividida em três negócios diferentes. Um deles é uma fábrica completa para produtos de reforma, como bandas de rodagem, camelback, ligação e ligação perfil. Uma indústria completa para recauchutagem. Ainda, construímos uma nova fábrica de pneus para motos com capacidade inicial de 25 mil pneus por mês, projetada para 100 mil pneus por mês para o mercado local, brasileiro e na região da América Latina. Construímos também uma reformadora com grande capacidade, equipamentos de última geração e pessoal capacitado para produzir até 5 mil pneus de caminhão por mês para o mercado local e de exportação. O mercado uruguaio permite importar carcaças, por isso importamos da Ásia, do Japão e da Europa. Nós comercializamos e planejamos exportar para a África, América Central e até para a Europa. Temos alguns grupos de interesse.
Qual a origem da marca Silvercap?
É uma homenagem à minha cidade natal, Nova Prata. Em português, Silver significa Prata e Cap recapagem, então a marca se encaixa muito bem no mercado. O som possui uma boa fonética em qualquer idioma e está registrada em mais de 60 países hoje. Temos uma abordagem para realmente irmos aos mercados internacionais, onde dedico a maior parte do meu tempo. Nossa meta é um dia ter em qualquer pneu do mundo um pedacinho dos nossos produtos e consertos.
O estado atual da rede no Brasil e quais os objetivos para ampliá-la?
- O mercado brasileiro é composto por mais de mil reformadores, a maioria deles são microempresas familiares, com mão de obra familiar. Estamos focados nessas pessoas, não só porque é um grande trabalho social para preservar esses empregos, mas para compartilharmos nosso conhecimento com eles, que é algo que nos dá muito prazer. Tenho estado em contato pessoal com a maioria dos nossos clientes e criamos um canal direto com a presidência. Viajo o mundo todo conhecendo o mercado da reforma. Somos parecidos em todos os lugares, então se você faz um negócio honesto, respeitando o ser humano e garantindo o abastecimento das mercadorias, até nestes tempos de pandemia podemos manter os negócios sendo realizados. Tenho certeza de que é a chave do sucesso. Já funcionou no passado e assim será no futuro.
Quais as prioridades em termos de países e regiões-alvo e como você se propõe a desenvolver esses mercados?
- Estamos em todos os países da América do Sul, excluindo a Venezuela, pela situação econômica. Participamos do mercado na Argentina, mesmo com a dificuldade que estão passando agora, mas mantemos a nossa confiança no país. Não só no país, mas nas pessoas. Todos os países da América do Sul e Central. Estamos tendo boas conversas com clientes muito bons no continente africano, Oriente Médio, na Europa, Espanha e no México.
Quais as suas aspirações para o desenvolvimento da marca Silvercap globalmente e onde você se vê daqui a cinco anos?
Em cinco anos queremos estar em todos os lugares. Temos um DNA de líder. Sabemos que há muito trabalho a fazer e não temos medo disso. Prometemos muito trabalho sério e a nossa maior dedicação ao mercado. Tenho uma excelente equipe de diretores, de colaboradores e todos estão no mesmo foco, muito engajados e trabalhando na mesma direção sem perder tempo. Vivemos um momento em que estamos muito conectados. Trabalhamos internamente como uma equipe familiar e queremos ter a mesma relação com os nossos clientes, fornecedores e todos os stakeholders. Acredito em nosso legado, que o meu pai e a minha mãe deixaram. As minhas irmãs contribuíram muito tecnicamente com o meu pai. Duas delas são químicas. É o nosso melhor legado e temos certeza disso. Tenho dois filhos pequenos e quero viver para eles. Criar um ambiente de sucessão muito interessante no futuro. Estou com 53 anos, acho que tenho mais 20 anos para trabalhar nisso e este é o nosso ativo mais forte. Digo-lhes de coração, amamos o que fazemos, a borracha está em nossas veias, então realmente acreditamos em um futuro melhor, de crescimento com respeito e um grande legado.