O jornal Correio Livre entrevistou o primeiro prefeito de Protásio Alves, Nilo José Stella, 79 anos, para falar sobre a história do município, que no dia 29 de abril comemora 32 anos de emancipação político-administrativa.
Natural de Protásio Alves, Seu Nilo, como é conhecido, ao ver as fotos do seu pai em arquivo, conta que aos seis anos o perdeu, ressaltando que ele faleceu com 38 anos. Relembrou que prestou serviços militares no 1º Batalhão, em Bento Gonçalves, quando fez um curso para equipamentos pesados. Após, foi chamado para atuar nos trabalhos de montagem de máquinas no Exército, em Santo Ângelo, onde permaneceu por seis meses.
Seu Nilo iniciou os seus trabalhos na compra e venda de suínos junto com os seus irmãos, depois comprou o Bar Avenida, situado na esquina do Colégio Aparecida, em Nova Prata, mas logo vendeu e adquiriu o transporte coletivo em Protásio Alves. “Fundamos a empresa propriamente dita como Transportes Coletivo Protásio Alves Ltda, permanecendo até 1988”, explica Stella. Em 2009, atuou ainda como vice-prefeito de Eloês Marchetti e chefe de Gabinete do prefeito Valdir Porta.
- Em 1987, foi iniciado o movimento para emancipar Protásio Alves, que era Distrito de Nova Prata. No dia 02 de outubro do mesmo ano, aconteceu uma reunião com a provável comissão emancipadora e demais moradores que delegaram a mim poderes para escolher os membros que iriam compor a mesma. Ela foi composta por Silvio Luiz Bolzan, presidente; Reinelli Prigol, vice-presidente; Moacir Luiz Porta, 1º secretário; Agustinho Costa, 2º secretário; Nilo José Stella, 1º tesoureiro; e Adilo Francisco Porta, 2º tesoureiro. Conselho Fiscal: Agenor Gregório Prigol, Otávio Prigol e Valdir Antônio Porta. Após a aprovação, no dia 10 de abril de 1988, consultaram a população para a consulta plebiscitária, que teve 995 votos favoráveis para emancipar Protásio Alves dos 1.106 que votaram, sendo que nove anularam e quatro em branco - relata.
No dia 29 de abril de 1988, o governador Pedro Simon declarou que em cumprimento ao disposto no Artigo 66, item IV da Constituição do Estado, que a Assembleia Legislativa decretou, ele sancionou e promulgou a Lei: é criado o Município de Protásio Alves, constituído por área do Distrito de Protásio Alves, pertencente ao Município de Nova Prata.
Após o plebiscito nos reunimos com os partidos do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Partido Progressista (PP), Partido da Frente Liberal (PFL) hoje Democratas (DEM) e Partido Democrático Trabalhista (PDT) para haver um consenso, mas não foi possível o acordo por divergências na escolha do candidato a prefeito e a vice da chapa majoritária.
O prefeito de Nova Prata na época, Vitor Antônio Pletsch, queria que fosse candidato a prefeito de Protásio Alves o seu chefe de gabinete, Martinho Rosin.
- Iniciaram então as tratativas para as coligações e o PMDB indicou o meu nome para candidato a prefeito e o PP sugeriu para vice o senhor Reinelli Prigol e tivemos apoio do PDT. Diante dessa aliança, propusemos ao candidato Martinho Rosin (PFL) que nos apoiasse, porque a coligação ampla seria vitoriosa. A mesma propôs a ele que nos apoiasse nesta candidatura para que ele fosse na segunda, mas o acordo não aconteceu - menciona.
Seu Nilo, que sempre foi envolvido na política desde jovem, diz que a eleição transcorreu dentro da normalidade e com respeito. Ele lembra com orgulho da vitória de 685 votos a 638.
- No dia em que assumimos percebemos a grande responsabilidade, tínhamos uma Sub-Prefeitura que colaborou e nos ajudou muito a dar os primeiros passos. Foi uma administração tranquila, com muitas realizações. Na segunda candidatura, lancei um candidato e tivemos uma grande vitória, vencendo por 320 votos de diferença. Esse resultado demonstrou o bom trabalho que fizemos, elegendo Valdir Porta como sucessor e os demais que foram assumindo até hoje, fizeram algo de bom para Protásio Alves - lembra.
Stella também fala do prefeito Spanhol.
- O trabalho do prefeito atual, José Spanhol, vai servir de exemplo para os futuros jovens que queiram entrar na política e espero que saibam o verdadeiro motivo da mesma que é trabalhar para os munícipes. Me sinto lisonjeado por ter convidado o José Spanhol, na época com 18 anos, para ser meu secretário da Agricultura, um jovem inteligente. Percebi que ele somaria para o futuro do município. Com o bom trabalho que ele fez, acabou se credenciando a ser um forte candidato. Esperamos que de agora em diante, possam surgir candidatos bons para as próximas eleições e precisamos ficar atentos, todos os eleitores e não entregarmos o município para qualquer um, se houver acordo será muito bom, caso contrário, peço que o povo analise muito bem como um voto é importante - frisa.
Seu Nilo continua morando em Protásio Alves.
- Sou aposentado com muita saúde e sempre pronto para ajudar a escolher um bom candidato para que o município continue sendo de aconchego, um lugar onde reina a tranquilidade, bem-estar e como um povo que colabora, por ser tranquilo e nos sentirmos seguros é que devemos ficar por aqui mesmo. Somos felizes com nossa terra, até aqui vem sendo bem cuidada por todos os prefeitos que administraram, por isso devemos continuar assim para que nossa juventude siga o exemplo, pois não podemos claudicar na hora do voto e sim escolher bem. Além disso, quero dizer do meu orgulho em ter sido o primeiro prefeito da minha terra natal. Sempre morei aqui, tenho ciúmes do meu município, se ele for mal tratado partiremos para a luta democrática, que faz bem - esclarece.
- Agradeço o apoio que tenho dos amigos de Protásio Alves, que sempre me trataram bem, sendo correligionário ou adversário. Procurei corresponder a simpatia que sempre tiveram por mim, se não atingi a todos peço perdão. Tenho consciência tranquila de olhar com bons olhos a todo povo que me deu muito entusiasmo para ser quem sou, não sei se mereço. Quero fazer um agradecimento especial à minha esposa, pela dedicação e paciência em me ajudar e também ao atual prefeito Spanhol, pois se tem algo que prezo muito é o acerto e esforço que fiz por trazê-lo trabalhar comigo - finaliza.
