Nova Prata - O 02 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Para falar sobre esse assunto, a redação do jornal Correio Livre conversou com Marli Gazzoni, presidente do Instituto Círculo TEAmo e mãe de uma criança autista, e com Diógenes Lorenzet, vice-presidente da entidade e psicopedagoga.
O TEA
O autismo, cientificamente conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma síndrome caracterizada por problemas na comunicação, socialização, comportamento e afeta o sistema nervoso. Os sintomas mais comuns incluem dificuldade de comunicação e de interação social, além de comportamentos repetitivos.
Apesar do autismo não ter cura, o tratamento, quando realizado corretamente, possui uma relevante importância, pois pode, inclusive, regredir o nível deste transtorno, que pode ser leve, moderado ou severo.
Conforme esclarecem, os sinais precoces podem ser identificados pelo pediatra e o diagnóstico é confirmado por um neurologista.
O início do TEAmo
O Círculo surgiu após o diagnóstico de autismo do filho da Marli.
- A entidade iniciou as suas atividades após a necessidade de uma mãe ao receber este resultado. São diversas as especialidades que uma criança autista precisa e um espaço multidisciplinar que concentre todas elas seria muito importante - destaca Marli.
O Círculo TEAmo possui como objetivo principal o desenvolvimento de programas de amparo, auxílio, adaptação, reabilitação e inclusão da pessoa com diagnóstico de TEA. Atua na orientação de indivíduos com autismo e também da comunidade, buscando oportunizar a integração do autista à sociedade.
As terapias são um fator essencial para o bom desenvolvimento social e cognitivo das pessoas portadoras do TEA. Por isso, a entidade apoia a criação de centros educacionais e departamentos de diagnóstico em instituições escolares e em outras entidades da sociedade civil.
A missão do Círculo TEAmo é conscientizar a sociedade sobre o autismo. Para isso, são organizados cursos, além do apoio de publicações sobre o tema e de outras plataformas de divulgação.
Centros de referência em TEA
Foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) da quinta-feira, 08, o edital de seleção de propostas de serviços de saúde e de municípios para a implementação de sete Centros Macrorregionais de Referência em Transtorno do Espectro do Autismo (CMR) e de 30 Centros Regionais de Referência em Transtorno do Espectro do Autismo (CRR) no Estado.
A seleção se destina a instituir parceiros públicos ou privados como parte do programa TEAcolhe, lançado pelo governo do Estado na segunda-feira, 05, e que tem como objetivo organizar e fortalecer as redes municipais de saúde, de educação e de assistência social no atendimento às pessoas com TEA no Rio Grande do Sul. Ambas destacam a importância de ter um destes centros em Nova Prata.
- Cada vez mais o número de pessoas autistas vem aumentando. Isso não quer dizer que nasçam mais crianças com TEA, mas sim que existem mais diagnósticos sendo realizados, visto que há alguns anos esse espectro era desconhecido - explica Diógenes.
- Como são diversas as especialidades que uma criança autista precisa, o custo é muito alto e por isso há pais que não conseguem dar o suporte necessário, mas as pessoas com TEA merecem e precisam de um atendimento individualizado - esclarecem.
Lei Municipal
Uma das conquistas do Círculo TEAmo foi a aprovação da Lei Municipal 10.524/2020, dispõem sobre a Política de Atendimento à Pessoa com Transtorno Espectro Autista, que foi apresentada no Legislativo, sendo aprovada por unanimidade, e a Administração anterior promulgou a Lei.
- Ela é uma grande conquista, pois coloca de forma resumida as obrigações que o Poder Executivo tem no tratamento das pessoas com TEA, justamente o trabalho que o Instituto deseja desenvolver com o Município. A Lei garante essa política de atendimento, que é através de centro multidisciplinar, a inclusão nas escolas, o atendimento na saúde e na assistência social, além da emissão de carteira de identificação, as vagas de estacionamento prioritário e o atendimento preferencial no comércio e em órgãos públicos - fala Marli.
A diferença na vida de outras pessoas
- É gratificante poder fazer algo pelo outro, mas gostaria de sensibilizar mais as famílias, pois quando recebem o diagnóstico de autismo, muitas se fecham, como se estivessem vivendo um luto. É necessário pensar que é possível oferecer qualidade de vida para uma criança, adolescente ou jovem com TEA. Nós vamos continuar fazendo a nossa parte, não podemos desistir, pois o nosso trabalho é por eles, que precisam - enfatiza Marli.
- O conhecimento abre portas e elimina a discriminação. É preciso acreditar que não há limites para aprender. Desejo fazer a diferença na vida destas pessoas, espero que sejam sempre muito felizes e estejam inseridas na sociedade de forma igual - menciona Diógenes.
