Lia e Milton José Mollmann se conheceram em uma mesa de ping-pong, há 63 anos. “Eu jogava ping-pong melhor do que ela, que mal sabia segurar a raquete. E ela fez um ponto para mim!”, conta Milton, que logo se admirou pela beleza da mulher que viria a ser sua esposa.
- Foi amor à primeira vista - garante Lia.
Naquela época, era importante, antes mesmo de namorar, que as famílias aceitassem o pretendente escolhido.
- Para ter uma relação boa entre as famílias dos dois, tem que haver união.
O jovem casal chegou em Nova Prata em 1963, quando Milton veio trabalhar com chapeação, e foi morar na rua Oswaldo Aranha, com dois filhos. Na época, a rua - que fica entre o Fórum e o ginásio do bairro Santa Cruz - tinha apenas quatro casinhas. Hoje, 58 anos depois, Lia e Milton têm três filhos, seis netos e uma bisneta.
Milton se emociona ao falar dos filhos, pois reconhece que o trabalho de Lia foi fundamental para que eles fossem bem-criados. Enquanto ele trabalhava com chapeação, às vezes fazendo muitas horas-extra, ela trabalhava em casa, cuidando deles.
- Nossos filhos foram bem-educados porque ela esteve presente na vida das crianças - frisa Milton.
A dedicação da esposa no papel de mãe e o cuidado que Lia expressa com os filhos e a casa são alguns dos traços que Milton mais admira na esposa. Ela consegue dar conta da manutenção e limpeza da residência, questões que são difíceis para ele, que dá conta de outras áreas da vida e, assim, “um segura o outro de pé” - segundo Milton.
- Gosto dela porque ela é a mãe dos três filhos que nós temos -, ressalta. Tanto é que, informalmente, eles chamam um ao outro de “pai” e “mãe”. Além disso, Milton destaca que Lia é uma exímia artesã.
Já Lia ama a honestidade e a sinceridade de Milton e o fato de ele estar sempre presente.
- Nunca vi ele ter ciúmes – conta Lia, característica comum entre muitos casais.
Anos de prática
Depois de décadas de casamento, Milton chama atenção para a necessidade de cultivar e manter vivo o amor entre os dois. Uma das formas que ele busca fazer isso é dar flores à Lia em qualquer ocasião.
- As flores são quase supérfluas na convivência da gente, mas elas estão presentes porque simbolizam algo maior - informa Milton.
No Dia dos Namorados, neste ano, vão comemorar com um almoço e uma janta especiais, só entre os dois.
- O amor, para mim é como uma arte. Temos que fazer com que a nossa arte evolua para uma perfeição cada dia maior. Um pintor, quando vai pintar um quadro, o primeiro quadro dele não fica perfeito; o segundo e o terceiro serão melhores -, declara Milton.
- Tem que cultivar todos os dias. É como uma planta, que a gente rega, tem que cuidar dela - complementa Lia.
Para que esse amor dure tanto tempo, como tem durado o casamento dos dois, Milton revela um segredo: saber a hora de falar e hora de calar.
- Tem momentos que a gente não deve continuar a conversa, tem que calar. Quando o temporal passar, a gente conversa sobre isso -, diz Milton.
Lia comenta que essa cumplicidade surge com o tempo:
- Eu aceito os problemas. Agora, mais velhos, a gente se entende melhor. Às vezes um olhar chega, não precisa nem falar, e resolve o problema.
E os problemas, que são comuns em qualquer relacionamento, são secundários para eles.
- No amor, quando há algo estremecido, o perdão é bem maior do que o pecado. Não importa quantos anos eles passem juntos, a cada dia eles conhecem um pouco mais sobre o outro, e querem mais um ao outro também -, comenta Milton.