Nova Prata, 28 de Março de 2023

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Os desafios dos hospitais durante o período da covid-19

Administradores de hospitais relatam como se prepararam para enfrentar a nova realidade diante da pandemia
Hospital São João Batista, em Nova Prata, que também atende os municípios da região
Hospital São João Batista, em Nova Prata, que também atende os municípios da região /

Nova Prata - “Em março de 2020, a não ser o conhecimento que tínhamos sobre a H1N1, que nem se compara à covid-19, não sabíamos o que nos aguardava. Aquele momento foi para nos organizarmos através do plano de contingência do Hospital São João Batista (HSJB), a instalação da tenda externa, visando separar os pacientes que chegavam à unidade de saúde com sintomas respiratórios dos que não apresentavam estes sinais, estabelecimento dos protocolos e treinamentos das equipes para o uso de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs), conseguir estes itens, que tiveram um aumento de preço expressivo no ano passado, o envolvimento de entidades na confecção destes e doação ao hospital. Essa união começou no ano passado e ainda se faz necessária.

Depois começaram os primeiros casos e internações. Na metade do ano passado tivemos o maior índice de pessoas internadas até então. Alguns pacientes precisavam de ventilação mecânica e os que necessitavam de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) eram transferidos no mesmo dia. De agosto a outubro aconteceu uma queda no número de casos e de internações. Novembro e dezembro foram meses complicados, quando chegamos a ter 16 pessoas internadas, algumas precisando de ventilação mecânica e ainda conseguíamos leitos de UTI.

Neste ano a situação está totalmente diferente, especialmente nos dois últimos meses, com um aumento muito expressivo no número de casos e de internações, vários dias com mais de 30 pessoas hospitalizadas, inclusive pacientes jovens, e falta de leitos de UTI. Os respiradores e equipamentos, que foram adquiridos no ano passado através de recursos próprios e doações por meio de campanhas, estão sendo utilizados em sua totalidade. Carros de anestesia antigos, que acreditávamos ser suficientes para pacientes com covid-19 mostrando não ser a melhor opção, sendo preciso mais respiradores, até para fazer frente aos pacientes que nos últimos dias se encontram em ventilação mecânica. Necessidade de sedativos, muitos medicamentos, inclusive alguns faltando, sem falar na elevação dos preços, então surge a necessidade da equipe médica ajustar o uso destes remédios ou substituir por outros que também façam o mesmo efeito. O consumo de oxigênio muito elevado, em torno de 500 mil litros por dia, em outras épocas o nosso estoque suportava 45 dias e agora somente uma semana, além dos preços de todos os insumos subindo.

A equipe técnica de enfermagem, médica e a administração do hospital estão imbuídas de manterem estes leitos intermediários de tratamento intensivo, levando em consideração a falta de UTI. Um vírus desconhecido, ninguém sabia como lidar. Esse ano mostrou a importância da união de toda a sociedade e dos profissionais da saúde, que precisam lidar com a falta de leitos, de equipe e de recursos, mas agora com uma luz, que é a vacinação. Há o medo na demora da vacina para as pessoas com menos idade, pois é possível dizer que não há uma idade específica e que estão mais suscetíveis à covid-19, pois qualquer pessoa pode contrair a doença, necessitar de hospitalização ou de ventilação mecânica. Que venha a vacina e que venha para todo mundo”, destaca Marcos Santori, administrador do HSJB.

O Hospital conta, desde a semana passada, com a médica intensivista Fabiane Lopes de La Vega uma vez por semana, que também oferece apoio técnico remotamente para a equipe médica que atende os pacientes com covid-19 e estão em ventilação mecânica.

Marcos esclarece que quando há vários pacientes aguardando leito de UTI, estes são cadastrados na Central Estadual de Regulação de Leitos e o hospital atualiza diariamente o seu quadro de saúde. Quando é disponibilizada alguma vaga, a Central avisa e é feita a transferência. Quem define a ordem de prioridade são os médicos da regulação.

Sobre a situação financeira do HSJB, o administrador explica que o Hospital está gastando o seu capital de giro com uma velocidade impressionante.

 

Nova Bassano - Rosane Maroso, diretora do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, falou sobre a situação de um ano de covid-19. Ela ressalta que durante os primeiros meses estiveram em alerta, houveram mudanças repentinas, protocolos, decretos e normas sanitárias. Um ano de desafios, mudanças de hábitos, comportamentos, incertezas, medo e adequações. O hospital teve que se reinventar: na infraestrutura, um novo aprendizado, integração, solidariedade e novos fluxos.

- O hospital afastou grupos de risco, criou a ala Covid, adaptou-se aos protocolos, treinou as equipes para assistência e acolhimento aos pacientes suspeitos e contaminados . Estava fora do nosso contexto as dificuldades financeiras que a covid-19 gerou, os altos custos em medicações, insumos, descartáveis e oxigênio. Buscamos apoio na comunidade e agradecemos o empenho e a colaboração de todos – ressalta Rosane.

 

"O sentimento é de gratidão a todas as equipes, médicos e voluntários."

— Rosane Maroso, diretora do Hospital Nossa Senhora de Lourdes

 

Ela enfatiza que: - após um ano, o sentimento é de gratidão a todas as equipes, médicos e voluntários, que mesmo exaustos seguem firmes e a comunidade que abraça a causa conosco – acrescenta a diretora. E cita uma frase de Chico Xavier: “E aguardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas, que não há mal que dure para sempre.” 

 

Guabiju - “Um ano de pandemia já passou. Nos preparamos inicialmente para consultas e a indicação era sempre encaminhar para o hospital referência, que é o São João Batista, de Nova Prata, os pacientes positivos e foi assim até o mês passado, atendendo os munícipes locais e de São Jorge também, com o qual se tem convênio, aqui no município e realizando o encaminhamento conforme necessário. Durante este mês estamos também com internações covid-19, pois Nova Prata não possui mais leitos, então os casos que precisam de hospitalização estamos realizando aqui. Na terça-feira, 16, dos nossos cinco quartos do Sistema Único de Saúde (SUS), três estavam sendo ocupados por pacientes de covid-19, que são casos menos graves, mas não podem somente ficar isolados em casa, pois precisam de internação.

Conforme um paciente recebe alta, há a necessidade de hospitalização de uma outra pessoa, pois são muitos casos. Estamos tentando atender todos da melhor maneira possível.

A Secretaria da Saúde, através da secretária Luciane Costenaro, tem oferecido um grande apoio, realizado um trabalho de conscientização sobre os cuidados básicos para a prevenção da covid-19 e isso reflete em não termos números expressivos.

Até a terça-feira, 16, tínhamos 16 pessoas isoladas, 173 curadas, seis pacientes ativos e nenhum óbito registrado.” Maria Goreti Stocco, presidente do Hospital Beneficente São Pedro.