Nova Prata - “No dia 02 de março do ano passado, foi realizada uma reunião e o meu irmão, o Ademar, comentou que haviam três eventos agendados para o final de semana seguinte, mas estava preocupado com a questão da covid-19, com receio que atingisse a nossa área. Acreditava que não iria nos prejudicar, pois estávamos com a agenda completa, realizando uma média de 40 eventos por mês. Pensava que no máximo em 20 dias tudo voltaria ao normal. Quando chegamos no final de semana dos dias 14 e 15 de março, de seis eventos agendados, somente um foi realizado, no final de semana seguinte não aconteceu nenhum e todos os eventos do ano foram cancelados nos oito dias seguintes.
Diante daquela situação, era necessária uma reestruturação. Por isso, fiz a rescisão de todos os Microempreendedores Individuais (MEIs), sendo três na época, realizando o afastamento deles e disponibilizei um auxílio para poderem se manter. Na época, contava ainda com engenheiros, arquiteto e profissional da segurança do trabalho, que também foram afastados, interrompendo os contratos e tínhamos 13 funcionários com carteira assinada, sendo que três foram demitidos e os demais foram afastados, recebendo auxílio do governo federal.
A empresa, mesmo fechada, tinha uma despesa em torno de R$ 20 mil por mês. Era necessário me reinventar. Foi quando comecei a fazer as lives, mas mesmo assim, a primeira realizada não pagou nem os custos da filmagem, então precisei negociar com os envolvidos. Continuamos fazendo e virou um sucesso, pois chegamos a ter 40 patrocinadores e recorde de audiência, com 400 mil pessoas. Estas pelo menos mantinham os custos fixos da empresa. Os funcionários eram mantidos através de auxílio do governo e eu precisei fazer empréstimos bancários para pagar as demais despesas e financiamentos de alguns itens. A empresa sempre tinha despesas mensais, além das fixas.
A perspectiva é muito ruim. Me abasteço de muita força e fé, mas serão momentos bem delicados, especialmente para o nosso setor.
Em dezembro, realizei algumas lives de projetos de lei de incentivo à cultura, do Festival Internacional do Folclore de Nova Prata na empresa e acreditei que a partir de janeiro voltaria a trabalhar e em fevereiro conseguiria realizar o carnaval, não estava preparado para essa situação toda. Neste mesmo mês, a empresa foi beneficada com a Lei Federal Aldir Blanc, que veio em um excelente momento. No primeiro mês do ano não tive nenhuma live ou evento, questão que também se repetiu em fevereiro. Em março, com a bandeira preta, novamente não é possível fazer eventos e pelo terceiro final de semana estou realizando lives, que estão tendo uma boa audiência, mas pouco patrocínio, pois o comércio está com as portas fechadas. Ficou muito complicado para todos, porque o período é delicado.
Desde janeiro, os funcionários estão sendo pagos pela empresa e seria muito necessário o auxílio do governo federal.
Sobre os próximos meses é uma incógnita, um ponto de interrogação. Estou preparando mais lives para o mês que vem e projetos de incentivo à cultura para os próximos meses, mas não é fácil, pois as empresas não estão gerando impostos, consequentemente não patrocinam projetos. A perspectiva é muito ruim. Me abasteço de muita força e fé, mas serão momentos bem delicados, especialmente para o nosso setor, que foi o primeiro a parar e será o último a voltar, pois retornaremos somente quando o comércio e indústria estiverem trabalhando na sua capacidade máxima, todas as pessoas estiverem vacinadas e os casos bem controlados. Deverá ser necessário continuar buscando alternativas, dando prosseguimento às lives, agora estamos com um projeto de trio elétrico, com som, luz, painel de led e transmissão e imagem totalmente digital para levar música até a casa das pessoas sem ter aglomeração. Estamos nos reinventando dia após dia. Há mais de um ano estamos proibidos de fazer eventos com público presente.”