Nova Prata, 28 de Março de 2023

- em Geral

“Quando saí da UTI, a minha vida era outra!”

Rita de Fátima Duz relata os 80 dias de internação enfrentados contra a covid-19

Nova Prata - Rita de Fátima Duz, 45 anos, tinha uma vida normal, desempenhava as suas atividades, não tinha nenhuma doença e também não tomava medicação. Mas tudo mudou após positivar para a covid-19.

 
Internação

- Alguns familiares e amigos tiveram coronavírus e passaram com sintomas leves. Acreditei que seria dessa maneira comigo também, por isso não fiquei tão preocupada quando positivei, no dia 02 de março. Mas a situação começou a mudar quando os sintomas ficaram mais graves. No sábado, 06 de março, estava sentindo falta de ar, por isso fui consultar. Receitaram alguns medicamentos e liberaram-me. A falta de ar foi se agravando e no domingo de manhã já praticamente não conseguia respirar. O meu marido Cláudio ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que me levou ao Hospital São João Batista (HSJB). Realizaram uma tomografia, verificando que os meus pulmões estavam 93% comprometidos. Então começou uma corrida contra o tempo para me salvar. Visando agilizar o processo, cortaram a roupa que eu estava usando e me colocaram no oxigênio. Na segunda-feira, 08, Dia Internacional da Mulher, o médico falou da necessidade de ser intubada. Vi uma outra mulher, que estava no mesmo quarto, passar pelo procedimento, que depois seria direcionado para mim. Fiquei durante quatro dias no Hospital de Nova Prata, em ventilação mecânica, aguardando leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Falei para o médico que iria morrer, mas ele respondeu: “não. Você é uma pessoa jovem e forte, sairá dessa. Estou fazendo de tudo” - relembra Rita.

Após quatro dias no HSJB, Rita foi transferida para o Hospital Geral, de Caxias do Sul, onde ficou 40 dias na UTI e mais 21 dias no quarto, além de mais duas semanas no Hospital de Nova Prata, totalizando 80 dias de internação. Durante a transferência para Caxias do Sul, Rita passou mal e a sua filha Ana Caroline recebeu a notícia de que dificilmente ela sobreviveria além daquela noite.

 

“Quando saí da UTI, estava como uma estátua, pois não conseguia mexer os meus membros e também não falava.”

— Rita de Fátima Duz

 

Enquanto estava hospitalizada, o seu marido também positivou, mas teve sintomas leves. Cuidando de si mesmo em casa, em nenhum momento perdeu a fé, visto que as notícias informadas através dos boletins hospitalares sobre o estado de saúde da sua esposa não eram nada animadoras.

- Quando saí da UTI, estava como uma estátua, pois não conseguia mexer os meus membros e também não falava. Assim como uma criança, precisei reaprender certas questões, como me comunicar e caminhar. Além da covid-19, enquanto estava hospitalizada surgiram outros problemas: tive pneumonia, embolia pulmonar, precisei fazer uma cirurgia na bexiga e tive duas bactérias - relembra.

 

“Vi a minha vida mudar totalmente e essa vivência serviu de lição: saber
que precisamos aproveitar o hoje.”

— Rita de Fátima Duz

 

Recuperação

Rita conta que após sair da UTI, sentia dores muito fortes no pé esquerdo, que não acalmavam nem com doses de Morfina.

- A realidade que encontrei após os 40 dias intubada foi bem diferente do que imaginava. Mas apesar de tudo, nunca desanimei e o meu marido e a minha filha foram fundamentais, os meus alicerces - relata.

 

Apoio da família e de amigos

Ainda no hospital, Cláudio a auxiliava com exercícios, visando movimentar os membros superiores e inferiores, o que foi muito importante no processo de recuperação de Rita.

- A união e o apoio da família foram e estão sendo de uma relevância sem tamanho, além da preocupação dos meus amigos. Recebi inúmeras mensagens, inclusive algumas ainda não consegui responder. Não sabia que possuía tantos amigos e que havia essa infinidade de pessoas torcendo pela minha recuperação. Chegar em casa e ver os meus cachorros, que gosto tanto, foi mais um motivo para me dar força - destaca, emocionada.

Rita fala que cada dia é uma nova conquista e pequenas questões são comemoradas com muita alegria.

- Já tirei a sonda e o oxigênio e não estou mais usando fraldas. Continuo fazendo fisioterapia diária, tomando medicação e a cada dia consigo caminhar alguns passos a mais, mas ainda preciso de uma pessoa para me auxiliar. Vi a minha vida mudar totalmente e essa vivência serviu de lição: saber que precisamos aproveitar o hoje. Agradeço o meu marido, minha filha, amigos e todos os profissionais da saúde que estiveram ao meu lado neste processo tão difícil e não mediram esforços para me ajudar. Posso dizer que nasci de novo. Pedi muito a Deus pela minha recuperação - finaliza.

Texto: Renata Grzegorek