Nova Prata, 28 de Março de 2023

- em Política

Reinelli fala sobre o mandato como deputado estadual

Nova Prata
Médico e ex-deputado estadual João Reinelli
Médico e ex-deputado estadual João Reinelli /

Nova Prata - A redação do jornal Correio Livre conversou com o ex-deputado João Reinelli sobre a sua experiência como deputado estadual.

- Aprendi muita coisa durante esses quatro anos. Antes de exercer um cargo eletivo, a impressão que se tem do que acontece dentro das Assembleias e das Câmaras de Vereadores é uma, mas quando você realmente integra um poder, tem a real dimensão do que aquilo quer dizer e da importância que esses cargos possuem no nosso cotidiano, pois são nesses locais que passam todas as leis que impactam diretamente na vida das pessoas - explica.

Conforme destaca o ex-deputado, várias votações foram polêmicas, mas a extinção das fundações foi a mais difícil para ele.

- Eu fui eleito pelo Partido Verde (PV) e na mesa estava a votação sobre a extinção das fundações, entre elas a Zoobotânica, que tinha muita relação com a minha bandeira partidária, mas por outro lado, era preciso ter em mente que não tínhamos como diminuir os gastos do Estado se não fosse dessa forma. As pessoas afetadas pela extinção das fundações estavam todas na Assembleia no dia da votação pressionando, o que torna a decisão ainda mais difícil, pois sabe-se que muitos provedores de famílias iriam perder os empregos se realmente fossem extintas as fundações. É uma decisão que repercute na vida de muita gente. Eu tentei até o final retirar a Fundação Zoobotânica da pauta, assim como a Fundação de Economia e Estatística (FEE) e a Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec). Por não ter conseguido, eu me vi obrigado a votar pela extinção, mas somente se houvesse um artigo no projeto dizendo que a fundação seria extinta apenas quando a Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema) pudesse responder por todas as atribuições da fundação Zoobotânica - ressaltou.

Reinelli fala que passaram leis importantes durante esse período, como a aposentadoria complementar, onde todos que ingressarem no serviço público do Estado vão se aposentar com o teto do INSS e para receber mais, será necessário também contribuir mais.

- Foi um mandato no meio de uma crise política muito forte, com impeachment da Dilma Roussef. Durante esse período, não havia muita perspectiva de se acabar a crise. O Estado tendo que honrar compromissos, mas não tinha caixa financeiro para isso. Um momento também em que os políticos estavam desacreditados. Independente da minha atuação individual, eu sofria com todo esse descrédito na política. Nunca usei o cargo de deputado para me beneficiar pessoalmente, nunca fui leviano e nem agi de maneira errada, mas essa situação da política desacreditada acaba respingando em todo mundo - enfatiza.

Ele acredita que o Estado ainda vai passar por anos difíceis e que não existe uma solução mágica.

- Imaginar que a mudança de governo traria os salários pagos em dia foi uma ilusão, nós sabíamos que isso não seria possível. A situação das finanças do Estado está muito deteriorada. É necessário remediar isso no momento para quem sabe, no futuro, obter uma solução definitiva. Sempre tive o gabinete aberto a toda a população, não só de Nova Prata, mas de toda a região para tentar resolver os mais diversos problemas. Sempre recebemos outros prefeitos, cada um com as suas demandas. O que conseguimos levar adiante com muito empenho é a reforma da escola Tiradentes, que é onde eu fiz o meu primeiro e segundo grau e fico muito feliz de passar na frente e ver que a obra está saindo do papel - reitera.

Sobre a vida política, Reinelli pensa que foi muito além de qualquer perspectiva.

- Ter me eleito como vereador e posterior como deputado estadual superou muito as minhas expectativas na política e não me imagino concorrendo a um cargo eletivo nas próximas eleições.

No meio desse ambiente de degradação da política, o ex-deputado fala que o Estado ainda possui bons políticos.

- Acredito que o Bolsonaro seja uma pessoa séria e que possa fazer um bom trabalho, mas às vezes passa dos limites e fala coisas que eu não concordo. Penso que precisamos esperar um pouco para termos um julgamento sobre o atual governo. Se conseguir aprovar algumas medidas que são necessárias, provavelmente o país voltará a crescer e com o aumento do PIB, sairá dessa crise. Da mesma forma no Rio Grande do Sul, pois eu acredito que o governador Eduardo Leite vai ter maior apoio dentro da Assembleia, visto que as bancadas de esquerda foram reduzidas na atual legislatura, então acredito que ele não terá tanta dificuldade em fazer o acordo de dívida com a União. Acredito que o Brasil crescendo, aumentando a arrecadação, o Estado consiga respirar com um pouco mais de tranquilidade. Eu sou otimista com o futuro, mas sei que as coisas não se resolvem de um dia para o outro - relata.

Ele falou da comissão especial na Assembleia sobre o Rio Grande Resiliente, que possui como objetivo principal ter planejamento estratégico das ações do governo em todos os âmbitos, analisar os dados e assim tomar as decisões.

- Um projeto extremamente importante para a utilização de recursos visando traçar um caminho melhor para o Estado. No primeiro dia da nova legislatura, o deputado Vilmar Zanchin me ligou, perguntando se podia desarquivar o projeto. Eu fiquei muito feliz e espero que ele tenha mais possibilidade de fazer com que o projeto ande na Assembleia, pois eu acredito que pode ser um diferencial para o Estado do Rio Grande do Sul - explica.

E finaliza falando da sua recepção em Nova Prata.

- Em meio a essa política desgastada, você sofre um pouco e ouve coisas que não quer. Participei de uma reunião em Nova Prata, fui recebido com palmas e vivas pelos presentes e isso é muito gratificante, eu fiquei extremamente feliz. O político, na atualidade, é tratado de forma mais fria, justamente por todo o descrédito que existe no mundo da política, mas como médico, sou muito bem tratado pela população pratense – finaliza.