Nova Prata, 28 de Março de 2023

- em Saúde e bem-estar

Precisamos falar sobre suicídio!

Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio. É preciso agir!
Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio.
Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio. /

Setembro Amarelo é uma campanha que surgiu com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a prevenção ao suicídio, sendo que o dia 10 foi escolhido como o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. Esse movimento está acontecendo e tornando o diálogo mais aberto e acessível à população sobre o tema.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje, no Brasil, a cada 45 minutos há uma tentativa de tirar a própria vida, sendo que essa é a segunda causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos globalmente. Outro dado alarmante é de que para cada pessoa que comete suicídio, há 20 outras que tentam, o que nos faz pensar na importância de falar sobre esse assunto e desmistificar o tabu que ainda existe sobre ele em nossa sociedade.


Por que o Setembro Amarelo é importante?
Essa campanha se faz importante pois busca trazer diálogo e formas de prevenção ao suicídio, que em várias situações poderia ser evitado com ajuda psicológica. As doenças psiquiátricas não são uma causa do suicídio, porém podem ser agravantes para isso. Diversos casos apresentam doenças que não foram tratadas, por desconhecimento da necessidade de um tratamento, o que levou à tentativa de tirar a própria vida como uma forma de amenizar a dor e o sofrimento.


Como surgiu a campanha e essa cor?
Em 1994, o filho do casal Dale e Dar Emme, de apenas 17 anos, se suicidou. Mike Emme era conhecido por sua personalidade carismática e habilidades mecânicas. Ele restaurou um Mustang e o pintou de amarelo, demonstrando um enorme carinho por seu carro e pela cor. Porém, ninguém que estava próximo de Mike percebeu sinais de que algum problema estivesse acontecendo e ele tirou a própria vida. Em seu funeral, diversos cartões com fitinhas amarelas estavam disponíveis a quem quisesse pegá-los, com os dizeres: Se você precisar, peça ajuda.
Esse movimento se espalhou pelos Estados Unidos e vários pedidos de ajuda começaram a chegar, após isso a fita amarela (cor do carro de Mike) foi escolhida como símbolo desse movimento da busca por ajuda. Uma organização foi criada pelos pais de Mike para auxiliar na luta pela prevenção ao suicídio em todo o mundo, a Yellow Ribbon.
No Brasil, a Associação Brasileira de Psicologia (ABP), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV) incentivaram e aumentaram a visibilidade desse mês, buscando motivar a todos que precisam procurar ajuda, vencendo o medo e a vergonha e buscando o autocuidado.


Quais atividades são realizadas nesse mês?
Campanhas em escolas, nos centros de saúde, nas redes sociais e em diversos locais acontecem durante todo o mês. São rodas de conversa, grupos de apoio, palestras e orientações individuais, entrega de materiais educativos e canais de atendimento on-line e via telefone. A comunicação é a principal forma de ajudar, ou seja, saber que você pode falar e contar com as pessoas que estão próximas, sem receber julgamentos e críticas, além de expor abertamente o que sente. Falar sobre a nossa saúde mental é o foco.
Debater sobre esse assunto é extremamente importante para que o maior número de pessoas possa conhecer esse movimento e sentir que existe a possibilidade para expressar os seus sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, e que elas não estão sozinhas.


Quando procurar ajuda?
Conversar e expressar os sentimentos na maioria das vezes tem um efeito positivo para as pessoas. Algumas situações merecem um cuidado e atenção especial, dentre elas: não sentir vontade de conviver mais com a família e amigos, isolando-se na maior parte do tempo, sentimentos de irritação, desânimo, desmotivação e tristeza intensos, distúrbios de sono e alimentação, humor instável, vivência de solidão e falta de esperança, culpa e inferioridade frente aos outros e também falta de amor por si próprio, acreditando que não mereça nada de bom para si. Esses são alguns dos sinais a se observar, pois podem conter indícios de que algo está acontecendo com a pessoa. Outros fatores, como doenças psiquiátricas, traumas psicológicos, perda de um ente querido, acidentes e demissões podem influenciar nesses casos também.
O CVV oferece serviços voluntários e gratuitos de apoio emocional. A linha 188 funciona em todo o Brasil, bem como os postos de atendimento presencial e site (chat ou e-mail). Se você está com pensamentos suicidas é importante pedir ajuda, conversar com pessoas próximas, contar o que está sentindo. Dividir os sentimentos e pensamentos pode auxiliar.
Caso você sinta que pode ajudar, ofereça uma escuta acolhedora e tenha paciência, pois nem todos têm facilidade para falar, não julgue, tenha empatia e converse com familiares dessa pessoa, aconselhando a busca por um profissional qualificado. Isso pode fazer toda a diferença!
Texto: Letícia Bissani