Nova Prata - Na quinta-feira, 25 de fevereiro, faleceu uma paciente de São Jorge que estava internada no Hospital São João Batista (HSJB) com covid-19 e não conseguiu leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
- Infelizmente, perdemos uma paciente com 73 anos, sem doenças prévias, que estava no HSJB intubada há quatro dias e não conseguimos leito de UTI para a sua transferência. Portanto, pedimos a todos para que fiquem em casa, não se aglomerem e tomem as medidas necessárias visando evitarmos a propagação deste vírus. A situação é muito preocupante. Enfatizo que a questão não é leito de UTI e sim não precisar ir para uma Unidade de Terapia Intensiva, pois a mortalidade é muito alta para quem vai – explica o médico Guilherme Savaris Schossler.
De acordo com o administrador do HSJB, Marcos Santori, na quarta-feira, 03, haviam 24 pacientes internados, confirmados ou suspeitos de covid-19, sendo que dois aguardavam leitos de UTI. Na ala covid-19 haviam seis leitos disponíveis.
- Temos estoque de oxigênio e estamos reforçando o de materiais, medicamentos e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) - explica Marcos.
“Estamos à beira de um colapso na saúde de toda a nação”
“A situação da pandemia, em breves palavras, é extremamente preocupante. Estamos à beira de um colapso na saúde de toda a nação, especialmente no estado do Rio Grande do Sul. Nos preocupamos com a situação que está sendo veiculada em toda a imprensa. A quantidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) já está há muito superada, inclusive com percentuais assustadores e não somente os leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também de hospitais particulares.
Da semana passada até este momento preciso parabenizar as ações de fiscalização da Brigada Militar (BM) e da Secretaria da Saúde como um todo, que estão atendendo muito bem os pontos de eventual aglomeração e descumprimento do Decreto, evitando o contágio pelo tão temido vírus. Não é demais referir que estamos realizando, como município, todas as ações ao nosso alcance para conter as aglomerações. As entidades e pessoas acima referidas estão nos auxiliando como munícipes, e muito, o que agradecemos.
Quero dizer que é preocupante a situação e cada vez mais nós precisamos conscientizar a população de evitar aglomerações, porque somente assim, somado àqueles princípios básicos da higiene, da utilização de máscaras, do álcool em gel, que vêm sendo publicados diuturnamente pelo Ministério da Saúde e por toda a imprensa, devem ser atendidos ao máximo possível e por todos.
O que ocorre é a recomendação inclusive da Secretaria da Saúde para que seja procurado atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs)apenas em caso de necessidade para não propagar o contágio. A pessoa chega em uma unidade de saúde sendo portadora do vírus pode contaminar outras pessoas que lá estejam aguardando atendimento por outros motivos. Observamos que houve uma pequena formação de fila no Posto Central alguns dias atrás, mas é exatamente nesse sentido: as pessoas poderiam estar com sintomas de covid-19 e aí foi uma questão de segurança. É evidente que eles não poderiam ficar aguardando atendimento em local fechado com outras pessoas. O que vemos é uma situação muito preocupante e clamamos à população que permaneça com os procedimentos de evitar aglomerações, buscando a contaminação mínima ou inexistente desse tão odioso vírus”, destaca o prefeito de Nova Prata, Alcione Grazziotin.
“O momento é de empatia e de se colocar no lugar do outro”
“A realidade que vivenciamos é grave e sem precedentes. Além das medidas fiscalizatórias que estão sendo tomadas pelos órgãos competentes, é indispensável que a população tenha consciência de que deve evitar aglomerações, encontros sociais e festas. Devemos obedecer às regras de distanciamento social recomendadas. Todos estão sendo atingidos de algum modo pelos efeitos causados pela pandemia. O comércio, o setor de serviços, as escolas, as indústrias e demais setores de nossa economia foram afetados diretamente nesse momento para de algum modo auxiliar no refreamento do contágio. Mas sem a compreensão das pessoas e o comprometimento mínimo com as medidas de distanciamento social, será muito difícil evitar o agravamento e voltarmos a um momento de ‘nova normalidade’, onde todos possam retornar para suas tarefas cotidianas.
O momento é de ‘empatia’, de se colocar no lugar do outro e de esquecer do individualismo. É hora de, ao pensar em não usar a máscara ou se reunir com amigos, lembrar daqueles que estão dando sua vida e saúde no atendimento aos infectados, aos pacientes que esperam uma vaga de internação ou UTI, da família dos que não resistiram e das pessoas que trabalham no setor público e privado que clamam pela volta de suas atividades. Em resumo: não aglomera e respeita todos que lutam ou que tombaram nessa batalha que está longe do fim! (Lembramos que o Ministério Público continua funcionando e com o atendimento ao público, seguindo estritamente as regras sanitárias do Modelo de Distanciamento Controlado)”, enfatiza o promotor de Justiça de Nova Prata, Leonardo dos Santos Rossi.
BM recebe cerca de 200 denúncias
Conforme informações do sargento da Brigada Militar (BM), Marcelo Rodrigues, em Nova Prata, até a segunda-feira, 01, foram recebidas aproximadamente 200 denúncias relacionadas ao descumprimento do Decreto visando diminuir a propagação da covid-19. Foram 80 pessoas abordadas, confirmadas 15 denúncias, oito aglomerações flagradas e 20 pessoas presas, além de 35 registros feitos na forma de boletins de ocorrência policial, termos circunstanciados e boletins de atendimento.
Lotação máxima no Hospital Nossa Senhora de Lourdes
Nova Bassano - Em entrevista ao jornal Correio Livre, a diretora do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, Rosane Maroso, destaca que o momento é de muita preocupação devido ao grande aumento dos casos de covid-19.
- Na quarta-feira, 03, o Hospital possuía 20 leitos cadastrados para atendimento de covid-19 e ocupava 100%. O mesmo possui estrutura para ampliar a quantidade de leitos e adequar caso seja necessário, sendo que o que nos preocupa é o superfaturamento de medicações, materiais de insumo e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para covid-19, além da falta de remédios nas distribuidoras e uma possível dificuldade na entrega de oxigênio se os casos continuarem aumentando em um contexto geral. Estamos com a capacidade máxima de ocupação, mas ao mesmo tempo trabalhando para garantir a internação dos munícipes que precisarem – explica a diretora.
Rosane diz que todos os dias existe uma grande procura de pacientes contaminados. Ressalta ainda que o momento é muito triste, porque não se sabe a atual situação e o quadro de evolução desta doença.
A diretora faz um apelo às pessoas para que sigam medidas de controle como: lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel 70%, evitar aglomerações, manter ambientes bem ventilados, não compartilhar alimentos, copos, toalhas, chimarrão e objetos de uso pessoal, usar máscara, praticar o distanciamento social e seguir as orientações constantemente publicadas pela Secretaria Municipal da Saúde, pois esses cuidados reduzem o contágio e consequentemente o surgimento de novos casos.
UTI temporária está com todos os leitos ocupados
Veranópolis - O jornal Correio Livre entrevistou o prefeito Waldemar De Carli para falar sobre a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que foi instalada no Hospital São Peregrino Lazziozi.
- Na segunda-feira, 01, foi instalada a UTI temporária, já que a atual situação da pandemia é preocupante. O Poder Público e o Hospital assumiram esse compromisso, sendo que os equipamentos já existiam – explicou Waldemar.
A capacidade é de cinco leitos e todos já estão ocupados por pacientes de 40 a 80 anos, sendo que dois foram internados ainda na segunda-feira.
O prefeito disse que a instalação da UTI temporária é fundamental, pois é uma questão de sobrevivência, visto que esta doença adquiriu novo caráter. Ele explicou que os cinco pacientes tiveram uma evolução muito rápida para o quadro grave.
Até a terça-feira, 02, haviam 14 casos de covid-19 na enfermaria do Hospital, sendo dez de Veranópolis e quatro de outros municípios.
Waldemar finaliza a entrevista solicitando para as pessoas cumprirem a quarentena dentro de suas casas, isoladas da família e da sociedade e principalmente para que protejam os idosos, evitando visitas.